segunda-feira, 1 de julho de 2013

É, pai



Acho que se você estivesse aqui, eu não teria feito metade das merdas que venho fazendo todos os dias. Ou sim. Nunca fomos unha e carne, na verdade quase nem próximos. Fui começar a te curtir e conhecer de verdade pouco antes de você partir. Está horrível aqui embaixo, pior do que quando você partiu. As pessoas não conhecem mais o amor e o respeito, aquele que era para estarmos distribuindo uns aos outros. Eu continuo covarde, como a mamãe tem me chamado ultimamente. Ela continua linda e guerreira como sempre. Eu sei que você não permitiria se estivesse aqui, mas demos espaço para que ela tentasse algo novo, que faça ela feliz. Ninguém vai tomar seu lugar, não seu preocupe. A gente lembra de você todos os dias e é incrível como você está em tudo. 

As coisas andam meio bagunçadas pra mim, mas ainda sim tem bastante coisa legal pra contar. Acho que sua filha antissocial está entregue à sentimentos outra vez, você sabe que sou péssima nessas coisas. Fiz amizades maravilhosas que, embora eu não seja boa em manter amizades, tomara que essa dure décadas. O trabalho está legal, converso de você com Toninho sempre, temos algumas recaídas às vezes. Eu continuo com cara de piveta, dei uma engordada e ando envelhecendo por dentro, a dor desgasta a alma e o coração, sei lá. Você sabe disso, você sentiu também, nós vimos. 

Sabe, se estiver me olhando aí de cima, será que pode me fazer um favor? Me dá uma luz e tente cuidar de mim como nunca conseguiu fazer antes. Estou sentindo falta do seu arroz moldado de cumbuca no pratinho, de te ouvir roncar nos primeiros 5 minutos de um filme. De ver você se arrumando pra sair e enfiando a camisa na cueca de uma forma engraçada. De sair pela 25 de março e comprar tranqueiras e jogos. Seus perfumes masculinos exalando na casa. Te ver ajeitando o topete de Elvis Presley no espelho embaçado do banheiro. Das chineladas de Rider e das madrugadas jogando videogame. É, pai... olha por mim aí, tá foda. 

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