sexta-feira, 15 de junho de 2012

O tal do conformismo


Não sei, pensei. Sempre levei tempo em me curar das feridas que a vida me faz. Machuca, mas desde cedo eu aprendi que tudo é um aprendizado e um dia passa. É tolice, mas até hoje passo noites em claro me perguntando se por algum motivo poderia ter sido diferente. Acho que isso é coisa de garota, não sei se de garotas da minha idade. Queria saber o nome disso que eu sinto que me corrói tanto, e que já não está mais em tempo de corroer.

Ainda era um moleque, eu que via uma maturidade além nele. Uma maturidade que não era pra idade dele, mas que ele tinha. Interesses do meu interesse, músicas e filmes do meu mesmo interesse. A maturidade, é engraçada a forma como ela se esconde quando mais precisamos, naqueles momentos impulsivos. E como nesses momentos acabamos nos comportando como animais selvagens e irracionais.

Talvez algo me impeça de aceitar, não sei, por algum motivo, o rumo que as coisas tomaram. Talvez porque não seja o certo, talvez porque eu tenha de fazer algo. Ou eu esteja só pagando alguns pecados, sentindo correr nas veias um pouco do veneno que já tenha feito alguém tomar um dia, não sei. Essa sua satisfação me enoja, me incomoda, talvez porque não seja comigo.

Mas eu me culpo, me culpo por não ter feito você se sentir bem, bem o bastante para não precisar ou querer mais nada a não ser eu. Esse egoísmo em querer ser tudo seu, que eu sempre tive. Era mais fácil, gostava de me achar em você. Acabou despertando em mim essa ilusão à qual sempre estive ciente de que não poderia ter.

De longe não parecia tão bonito, até conhecer de verdade, de perto, por dentro e dos lados. Venho praticando o tal do conformismo. Estranho essa dificuldade em me adaptar e aceitar. Amei demais, deixei me levar. Era um produto dos meus caprichos, só que real. Era gostoso, era mentira, não era meu. Mas como eu queria que fosse.

Sinto falta de você elogiando o meu cheiro, acariciando e embaraçando seus dedos nos meus cabelos e me lembrando do quanto sou cretina e imatura. Sinto falta da vontade do sexo que eu tinha em você. Sinto falta das suas mentiras, de me lembrar que eu era uma boa amiga, apesar de tudo e o quanto eu aprendia com você. Parece que foi tudo ontem e que hoje já não existimos mais. Você talvez nem lembre mais de mim. Perdido nessa paixão barata, cretina e desesperada de moleque. Não é importante, existir alguém que dê a vida por você, quando se está perdido em outro abraço mais confortante.

Sempre fui tão conformada e realista, não sei onde essas duas coisas se meteram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário